Após retornar de visita a área de Pantanal de Nhecolândia, distrito de Corumbá, a pesquisadora Zilca Maria Campos contou ter visto jacarés que estão amontoados em um lamaçal a 50º C de temperatura. Segundo ela, eles correm risco de morrer caso não chova. O lamaçal fica na área de um açude.
A pesquisadora contou ao G1 que são entre 4 mil e 5 mil repteis concentrados no mesmo lugar. “Se a chuva não chegar, provavelmente muitos vão morrer. Aliás, muitos já morreram”, afirmou a pesquisadora.
“Eles morrem por desidratação. Os que podem sobreviver são aqueles que se enterram na folhagem, e lá as temperaturas estão mais amenas. Então, os que buscam refúgio no interior da mata têm maiores chances de sobrevivência”, explicou.
Ainda conforme a pesquisadora, a alta taxa de mortalidade ocorre por conta de ações antrópicas.
“Houve desmatamento da Amazônia, assoreamento de rios e mudanças climáticas. Tudo isso afeta o Pantanal e, reduzindo as chuvas, reduz também os ambientes aquáticos e as espécies que são aquáticas sofrem, podendo chegar a morte. Agora, a solução seria a curto prazo seria encher esses açudes com água ou fazer um sombreamento para evitar as altas temperaturas”, comentou.
Zilca explicou ainda que visitou somente um açude dos milhares existentes na região. “Assim como este, existem inúmeros no Pantanal. É uma área muito grande. A Embrapa Pantanal estimou, na década de 90, 3 milhões de jacarés adultos. Como a gente vai salvar todos eles? É impossível. O que a gente faz para minimizar as ações antrópicas, para que o local volte a ter seu curso de inundação, entre cheias e secas anuais, são as ações a curto prazo, que é o que alguns proprietários já estão fazendo”, ponderou.
No local, ainda conforme a pesquisadora, fazendeiros e capatazes estão fazendo açudes. “Isto também beneficia a fauna e especialmente o jacaré, que depende muito da água. Nós estamos contando muito com apoio da população local e acho que esse amor a natureza é fundamental agora para salvar os jacarés. Eles estão perfurando os poços, que vão ajudar tanto os animais domésticos, bovinos, equinos e também a fauna silvestre nesse período de escassez hídrica na planície pantaneira”, finalizou.
Fonte: G1 MS