Cultura

A MÚSICA LIVRE E INSPIRADORA DE G. RIBEIRO

Personalidade e ousadia de sobra. Geraldo Ribeiro ou G, Ribeiro, é um caso raro na Música de Mato Grosso do Sul. A sua arte tem uma identidade fortíssima que o faz destacar dos demais. O que para muitos poderia soar como um “caldeirão de idéias descontrolado’, nas suas mãos ganha coerência e tudo tem sentido e razão de ser. A música de Geraldo num primeiro instante parece estar atirando para todos os lados, mas na realidade ele consegue abraçar o mundo, aperfeiçoando seguidamente a sua proposta de conceber um som livre e universal, sem se afastar da sua essência regional.Mas ao que parece, a criatividade e a versatilidade da música de Geraldo não tem sido suficientes para que ele possa seguir em frente com os seus projetos que dizem respeito ao lançamento de um novo CD. Falta apoio, falta compreensão, falta visão e assim o público fica privado de entrar em contato com as suas recentes criações, uma vez que o seu primeiro e único disco solo “Mentira & Ficção” foi lançado em 2002.


É evidente que de lá para, ele não deixou de criar e conceber verdadeiras pérolas musicais. Inquieto e atento, G. Ribeiro está sempre com um olho aberto e com as antenas ligadas, captando tudo aquilo que merece uma reflexão mais aguda e intensa.


Assim, nos últimos tempos, Geraldo tem marcado presença no Estudio Pantanalia, de Julio Queiroz, em Campo Grande, onde gravou dez músicas que dão a dimensão exata do seu universo musical. Os arranjos foram do próprio G. Ribeiro e de Julio Queiroz, sendo que Miguelito tocou bateria, Julio no baixo, G. Ribeiro nos teclados, flauta e vocais e Erica Espíndola nos vocais. Já a música “Trabalho”foi gravada no Studio Santanegra, de Beko Santanegra.


Ao ouvir o material que G. Ribeiro gravou, principalmente as faixas: Alfaiate, Galinha, Samba Global, Trilho Sem Trem, Instrumental e Trabalho, a gente percebe que ele é um letrista de mão cheia e a riqueza da sua obra impressiona. Livre, ele vagueia e experimenta na dose certa, sem exagerar, facilitando a vida do ouvinte. Sua música provoca, diverte e faz pensar, como se fosse possível um cruzamento entre o brasileiríssimo Tom Zé com o grupo de Rock Progressivo, Gentle Giant. Pode até parecer exagero, mas é aí justamente que a música de G. Ribeiro, entra, fornecendo os subsídios necessários para você mergulhar de cabeça. Ela é espontânea e verdadeira, dispensa fronteiras e está sempre se arriscando por novos mundos.
Carioca e formado em veterinária, Geraldo tem 61 anos. Fez carreira em Campo Grande tendo participado de várias bandas nas décadas de 80 e 90, entre eles o “O Poranguetê que foi o primeiro grupo musical campo-grandense a se apresentar no Circo Voador, no Rio de Janeiro”, em 1982.


Apesar de ter marcado a cena musical de Mato Grosso do Sul com o seu estilo único, acabou se dedicando a sua profissão principal, como veterinário. Se aposentou e há vários anos vem batalhando na produção de suas composições, algumas escritas há anos e outras recentes.
Da nossa parte, fica a torcida para que G. Ribeiro consiga superar as adversidades e consiga lançar o seu novo e esperado CD, afinal se a cultura anda desprezada, resta aos verdadeiros artistas, resistir, resistir e resistir, afinal, uma hora vai dar para virar esse jogo….

Por Luis Carlos Pael

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