Na crise causada pelo coronavírus, há uma parte da população que precisa de atenção redobrada. A simples saída ao mercado se torna arriscada para idosos, pessoas com doenças crônicas, mulheres grávidas e todos que que são mais vulneráveis às complicações causadas pela Covid-19. Para evitar a contaminação, a restrição do contato social para esse grupo deve ser seguida ao máximo, o que pode impossibilitar simples ações do cotidiano. Nesse contexto, é possível perceber a multiplicação de apoio dado por pessoas que oferecem seu tempo, seu veículo e sua disponibilidade para ajudar os mais vulneráveis.
Jean Lescano é uma dessas pessoas. Morador de Campo Grande, o bombeiro civil de 20 anos tem dedicado parte dos seus dias a oferecer serviços para quem precisa permanecer em casa. Foi a vontade de ajudar que levou o jovem a publicar em suas redes sociais que estava disposto a ajudar pessoas dos grupos de risco e, desde então, Jean não parou. “Eu busco umas compras aqui, entrego um alimento ali e assim vai. Tem pessoas que eu consigo ajudar muito, tem outras que eu consigo ajudar só um pouco. As ações são diversas mas eu acho que o trabalho de formiguinha pode ajudar muito”, conta.
De acordo com Lescano, a ligação com a própria família é um dos fatores que inspiram a dedicação ao próximo. Convivendo com seus avós, Jean passou a se preocupar com outros idosos se expondo ao risco para realizar atividades necessárias do cotidiano. “Pensei nas pessoas que não tem alguém jovem por perto pra ajudar, um amigo, um vizinho. Aqui em casa faço tudo por eles porque os idosos já precisam de ajuda. Agora ir no banco, lotérica, mercados passou a ser muito perigoso para quem está no grupo de risco”, explica. Desde que se voluntariou nas redes sociais, todos os dias Lescano vai em supermercados, farmácias, lotéricas a pedidos de pessoas que entram em contato. Também resolveu organizar arrecadação de alimentos para famílias que estão passando por dificuldades financeiras.
Além da disposição atual para prestar ajuda, Jean já participava de outros trabalhos voluntários anteriormente, como em campanhas promovidas pela Cruz Vermelha. “Eu me sinto muito mais ligado à comunidade. Às vezes eu não consigo ajudar quem eu quero porque não tenho condições mas sei que a minha rede de amigos pode ajudar. Esse laço que eu tenho com a comunidade me deixa mais forte”, afirma. Para ele, prestar serviços a quem precisa ficar em casa durante a epidemia é uma forma de se blindar contra a tristeza. “É como se eu não deixasse meu coração esfriar no meio dessa situação. Depois que você começa não consegue parar. Você entende que o seu pouco é muito para o outro”, completa.