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Artigo: Comercial-MS inicia estudos para se tornar uma SAF e agora?

Os sócios patrimoniais do Esporte Clube Comercial-MS deram o primeiro passo para constituir o time de futebol em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), podendo ser a primeira equipe do Mato Grosso do Sul a mudar o seu modelo de gestão. O clube também já foi a primeira equipe sul-mato-grossense a se tornar profissional na década de 70.

Após reunião, os sócios decidiram buscar uma consultoria jurídica especializada em direito desportivo e empresarial para analisar as mudanças no Estatuto para que a SAF se torne uma realidade, além de buscar informações de como funciona esse novo modelo de gestão, os benefícios que podem ajudar o Comercial-MS a voltar a ser uma grande equipe no futebol nacional.  

Estão sendo consultados os escritórios do advogado Roberto Puglesi, jurídico do Cuiabá (MT) e Joinville (SC), além dos serviços de Andre Cicca, jurídico do Redbull Bragantino e o escritório Ambiel Mansur, do advogado José Francisco Cimino Manssur, especialista nessa área e  coautor dos livros “Futebol, Mercado e Estado” e “Sociedade Anônima do Futebol”.

Com uma dívida estimada em R$ 5,5 milhões, sendo R$ 3,5 milhões em processos trabalhistas e outros R$ 2 milhões com empréstimos, impostos e tributos com governo federal.  A Lei da SAF permite que os times de futebol optantes por esse modelo quitem esses débitos entre 6 e 10 anos, impostos diferenciados dos demais tipos de empresa, mas que garantam 20% das receitas mensais e 50% dos lucros para diminuir e quitar as dívidas do clube original.  Já abordei esse tema em outro artigo para o Hora MS: “S.A.F Comercial, a única saída para o mais querido do MS”

Em segundo momento, a ideia é formular uma plano de negócios que atraia investidores para futebol local. Com uma estimativa de pouco mais de 900 mil habitantes e PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 30,2 bilhões, Campo Grande (MS) pode se tornar a menina dos olhos dos investidores estrangeiros com a desvalorização do Real. Captar e formar jogadores mais baratos na América do Sul e especialmente no Brasil tem sido uma das opções dos times estrangeiros. Há no mercado vários níveis de investidores para times de grande, médio e até pequeno porte. 

Já vimos o Cruzeiro se tornando uma SAF adquirida pelo Ronaldinho, outros clubes como Vasco, Botafogo e o vizinho Cuiabá já mudaram para o novo modelo. O Bahia é o próximo da lista, que pode ser comprado pelo Grupo City. 

O Londrina (PR), que esta na série B teve com conversas com investidores estrangeiros em 2020, como o Jhon Textor (dono do Botafogo) e chegou a ser sondado pelo grupo City. Outra proposta de um grupo de investidores representados pela  Matix Capita, mesma empresa que fez a captação para o Botafogo e Vasco foi feita de R$ 60 milhões pelo Londrina. Seriam R$ 34 milhões para o Malucelli e mais R$ 26 milhões em investimento no clube para o acesso a Série A, mas o negócio não foi fechado. América Mineiro (MG) também caminha para essa mudança, assim com a Ferroviária de Araraquara que está a um passo de ser adquirido pela cervejaria espanhola Estrela Galícia. 

Outros modelos de gestão de futebol empresas têm sido testados como parcerias técnicas como o Coimbra (MG) tem com o Benfica de Portugal, o Resende (RJ) com Lyon da França e o Marítimos de Portugal que conta com unidade no Rio Grande do Sul (RS).

Há muitas oportunidades, mas ainda há tempo para discutir e fazer um plano que diminua dívidas e torne o Comercial um time competitivo regionalmente e nacionalmente com investidores realmente comprometidos com o time e a cidade de Campo Grande. Quando não há métodos, ser campeão é sorte.

Ítalo Milhomem

Ex-presidente do Esporte Clube Comercial (2015/2016)

Gestor formado pela CBF Academy Turma IX

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