Vivemos um tempo diferente. Corremos sempre, corremos sem motivo, corremos por nada. Como se o tempo tivesse ficado mais rápido. Tudo sugere velocidade, urgência. Mas, afinal de contas, quanto tempo dura o tempo?
Hoje temos a nossa disposição uma infinidade de maquinas que nos ajudam a administrar melhor o nosso tempo: carros, aviões, rádios, computadores, despertadores, cronômetros… Máquinas essas que podem servir para poupar, enriquecer, estocar ou programar o tempo. Mas, mesmo assim, vivemos em um estado de pressa constante.
Como já dizia o filosofo Sêneca, o homem valoriza tudo, menos o tempo. De fato, o homem defende a carreira, o espaço, a família e até a honra, mas não defende o tempo que lhe pertence. Na verdade, acontece o contrario: estamos sempre querendo que o tempo passe logo, esperando incessantemente pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelo fim de ano. Ao ponto de não nos darmos conta de que, ao mesmo tempo, estamos torcendo para que o dia da nossa morte chegue mais rápido.
Precisamos viver o tempo com qualidade a todo instante, até em momentos considerados chatos e monótonos, como o trabalho ou a escola. A vida não é um botão que podemos ligar e desligar conforme o desejo de viver. Até nessas ocasiões precisamos estar cientes que o tempo passa no tempo dele, independentemente da situação. Além disso, estamos acostumados a dizer que não temos tempo para mais nada, mas se soubéssemos empregar bem o nosso tempo, não teríamos a sensação de que a vida é curta.
Geralmente damos nosso tempo a pessoas e coisas que não são importantes, quando na verdade deveríamos apenas emprestá-lo visando adquirir algo em troca, seja conhecimento, sentimento ou afeto.
O tempo é o tempo. É preciso contemplar cada instante. Às vezes dá certo, às vezes não. Às vezes o dinheiro vem, outras não. Mas viver com intensidade, apreciando cada momento, é o que vale. Parece que não há uma resposta exata para um dos maiores questionamento da humanidade: quanto tempo dura o tempo? Mas confesso que isso me causa certo alívio, afinal, ao saber que o tempo termina, o sabor é melhor. Se descobríssemos que não tem fim, provavelmente tudo isso perderia um pouco a graça.