Há pouco mais de uma semana a marca de produtos de limpeza Bombril relançou a palha de aço que possui o nome Krespinha. No site eram apresentadas as informações de que “A Esponja Inox Krespinha é perfeita para a limpeza pesada. Remove sujeiras e gorduras de um jeito rápido e eficaz, sem esforço. Resistente e não enferruja”. Poucos minutos após o lançamento, usuários da rede social Twitter começaram a subir a hashtag “Bombril Racista”. Com a repercussão negativa, a empresa tirou a propaganda do site pouco tempo depois.

Mas o que a “Krespinha” tem de mais? Bom, podemos começar pelo fato de que, no passado, a propaganda do produto foi feita utilizando uma boneca negra de cabelo crespo. É impossível negar que a comparação entre o cabelo crespo e a palha de aço soa, de fato, racista. Essa temática já vem sendo estudada e debatida por acadêmicos e militantes há vários anos, como é o caso do trabalho publicado em 2017 “Racismo e Propagandas no Brasil”, que descreve muito bem a situação.

Para a coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul, Romilda Pizani, “pergunto-me se foi um equívoco por parte desta agência publicitaria ou se foi proposital. Existem pessoas que fazem isso justamente na ideia da provocação, da notoriedade. Será que hoje, em pleno século XXI, nesse momento que estamos nessa vibe ‘Vidas Negras Importam’, como alguém para pra fazer este tipo de propaganda?”, questiona.

Este é um problema social do Brasil. Diferentemente de outras culturas em que o racismo é exposto, aqui ele é velado, está em camadas tão profundas que o racista não se vê como tal. “Nós, enquanto movimento negro, repudiamos veementemente. Não tem cabimento. E trago para reflexão: você ser visto não quer dizer que você é notado. Até que ponto estas empresas olham para a sociedade de uma forma igualitária? A partir de qual camada da sociedade a sociedade é olhada de fato? “, finaliza Pizani.