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IDH no Brasil: desenvolvimento humano muito desigual

O Brasil é um país de Desenvolvimento Humano Alto, segundo os parâmetros usados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro, referente ao ano de 2021, é de 0,754, o que coloca o país na 87ª posição no ranking de desenvolvimento entre 191 países. No entanto, existem 5.568 municípios no território brasileiro e nesse universo há um grupo de cidades que são consideradas de desenvolvimento humano muito alto e outro grupo com as consideradas de desenvolvimento muito baixo.

Quais as características de cada grupo?

Os dados mais recentes sobre o IDH dos municípios são de 2010 e foram publicados pelo Atlas Brasil, uma parceria entre o PNUD Brasil e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Naquele ano foi constatado que existiam 32 cidades com IDH Muito Baixo (menor que 0,500) e 44 com IDH Muito Alto (a partir de 0,800).

Para realizar a comparação entre os municípios foi utilizada a plataforma cidades, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE). Na plataforma há diversos dados de todos os municípios brasileiros. E ficou claro que existe um padrão para as cidades com desenvolvimento humano muito baixo e outro padrão para desenvolvimento muito alto.

O primeiro ponto a ser notado é que todas as cidades de IDH muito baixo estão nas regiões Norte e Nordeste, enquanto todas as cidades com IDH muito alto, com exceção de Brasília, estão nas regiões Sul e Sudeste.

As cidades com IDH muito baixo têm baixo percentual de população ocupada, com média de 5%, mais de 50% dos habitantes com renda até meio salário mínimo, escolarização (6-14 anos) média de 84%, baixo índice de esgotamento sanitário adequado, média de 7,6%, e conta taxa de mortalidade infantil média de 20,17 a cada mil nascidos vivos e 2,5 internações por diarreia para cada mil habitantes, muito mais alta do que as cidades com IDH muito alto.

Os municípios com IDH muito, por sua vez, alto têm alto percentual de população ocupada, com média de 42,6%, menos de 35% de habitantes com renda até meio salário mínimo, escolarização (6-14 anos) acima de 97%, alto índice de esgotamento sanitário adequado, média de 90,5% e São Caetano do Sul com 100%, taxa média de mortalidade infantil de 8,19 a cada mil nascidos vivos (menos da metade das cidades com IDH muito baixo) e 0,5 internações por diarreia a cada mil habitantes, índice cinco vezes menor do que as cidades com desenvolvimento humano considerado muito baixo.

É possível mudar?

Com tanta disparidade, surge a pergunta: é possível mudar este quadro? A resposta é: depende de vontade política. Investimento focado em cidades com menor IDH faz com que tal indicador cresça e reduza desigualdades e também a pressão sobre cidades maiores.

Para que tal mudança aconteça, é possível uma ação dos governos em suas diversas esferas, federal, estadual e municipal, com uma política focada em melhorar os indicadores que afetam o cálculo do IDH: renda, educação e saúde. E é possível aliar as três áreas, como construção e reforma de escolas, construção de infraestrutura de saneamento, unidades básicas de saúde, entre outras, que geram renda e, ao mesmo tempo, permitem que os indicadores de saúde e educação também melhorem.

O que é o Índice de Desenvolvimento Humano?

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo o site do PNUD, é uma forma resumida de medir o progresso no longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano, que são a renda, a educação e a saúde. O índice surge para oferecer uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita que leva em consideração somente a parte econômica do desenvolvimento. Por fim, o IDH foi criado por Mahbub ul Haq com a colaboração de Amartya Sen, economista indiano e ganhador do Prêmio Nobel de Economia. Além disso, o PNUD publica anualmente o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) global com o cálculo do IDH dos países e temas de interesse internacional para o desenvolvimento.

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