Depois de mais de dois anos, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) concluiu a investigação sobre o suposto esquema de rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no período em que foi deputado estadual no Rio. O senador e o ex-assessor Fabrício Queiroz serão denunciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Flávio será apontado como líder da organização criminosa, e Queiroz, como o operador do esquema de corrupção que funcionava no antigo gabinete na Assembleia Legislativa. A denúncia, com cerca de 300 páginas, já está pronta e seria entregue ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) ainda nesta segunda-feira.
(Correção: A primeira versão desta reportagem, publicada às 17h55 (horário de Brasília), informava que a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz já havia sido apresentada. Em nota após a publicação da reportagem, o Ministério Público do Rio afirmou “que, até o momento, não há denúncia ajuizada contra o atual senador Flávio Bolsonaro nas investigações referentes a movimentações financeiras em seu gabinete no período em que era deputado estadual”.
O jornal O Globo apurou que, durante a transmissão da denúncia para o Tribunal de Justiça, pelo sistema de protocolo digital, o sistema eletrônico falhou, provavelmente pelo volume dos autos apresentados. Na noite desta segunda-feira, o MP-RJ ainda fazia novas tentativas de enviar o material).
A partir dos dados das quebras de sigilo bancário e fiscal, os promotores apontam que o senador usou, pelo menos, R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo do esquema das rachadinhas. Os valores somam os três métodos pelo qual o filho do presidente Jair Bolsonaro “lavou” o dinheiro em espécie.
Em junho, Queiroz foi preso na casa do advogado Frederick Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo. Wassef era advogado de Flávio na investigação até aquele momento. Ele foi trazido ao Rio para cumprir a prisão em Bangu, mas um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu que ele fosse para prisão domiciliar em seu apartamento na Taquara, na Zona Oeste do Rio.
A investigação do MP-RJ teve início em julho de 2018, depois que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. Além disso, foi apontado no documento que oito assessores de Flávio faziam repasses para Queiroz, alémde estar assinalada a participação de integrantes da família do ex-assessor. Foram identificadas transferências e depósitos de Márcia Aguiar, Nathália e Evelyn Queiroz, mulher e filhas do subtenente.
Fonte: O Globo