Esporte

O papel do futebol estatal: PA (R$ 8,3 mi) x MS (R$ 820 mil)

Depois de algum tempo quieto e das finais dos Estaduais volto a escrever sobre a gestão do futebol e comparar o nosso futebol sul-mato-grossense com estados irmãos fora da série A.  Agora quero analisar um pouco o apoio estatal ao futebol, que é fundamental para o desenvolvimento do principal esporte do país, fora do eixo Rio-São Paulo.

Conversando com ex-presidente do Paysandu, Vandick Lima, time freguês ao longa da história, porém ainda de pé e vitorioso. Vandick foi algoz do Comercial-MS na Copa do Brasil de 1994, quando o colorado perdeu por 1 a 0 para o Linhares no Espírito Santo, vindo a nos desclassificar com um empate no Morenão em 1 a 1 depois.

Hoje colega de curso de Gestão de Futebol de CBF Academy, ele comentou sobre a dificuldade de grandes empresas patrocinarem os times da região norte, assim como acontece aqui no Mato Grosso do Sul e da forte presença do Governo no Pará no futebol de lá, do norte.

Antes de seguir, uma breve comparação entre os dois Estados. Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do cual(portunhol) tenho a honra de ter trabalhado quando jovem e respeito muito, o PIB (Produto Interno Bruto) do Pará é de R$ 161 bilhões (2018-IBGE) e do Mato Grosso do Sul é de R$ 106 bilhões(2018-IBGE). Com a população de milhões 8,6 milhões e 2,8 milhões  respetivamente. 

Quando fui presidente do Comercial-MS (2015/2016) estive no Pará para o lançamento do Copa Verde. Era incrível ver o Paysandu (PA) e Remo (PA) e até o Tuna estampados em quase toda cidade, todo mundo na rua com a camisa dos clubes.

Mas como é fomentado essa paixão que leva milhares de torcedores ao estádio, tem fortes programas de sócio torcedores e uma grande participação da torcida? Com um forte apoio do Estado do Pará para todos os clubes de futebol, reservadas suas particularidades e valores de acordo com seu desempenho.

Já mostramos em outros artigos que o investimento no futebol do Estado de MS movimento outros R$ 5 para cada real investido pelo governo do Estado. No MS, o governo do Estado investe diretamente por meio da Fundesporte R$ 820 mil divididos entre todos os clubes e a TV Morena cerca de R$ 200 mil dividido entre clubes, federação e sindicato dos atletas.

Futebol PA x MS

2020

Um dos principais apoiadores do Futebol Paraense é o Banco do Estado do Pará (Banpará). Durante o início pandemia em 2020, o Estado investiu nos clubes que estavam na série D e C parados por conta da pandemia com R$ 2,4 milhões, sendo um milhão para Paysandu e Remo e outros R$ 400 mil divididos entre Bragantino e Independente.

Ainda em 2020, os estádios dos dois principais clubes locais que estavam disputando o acesso a série B ganharam outro reforço, o naming rights dos estádios do Curuzu e o Baenão por dois anos por R$ 1,5 milhão para cada clube.

2021 – R$ 8,3 milhões

Em 2021, o governo anunciou que junto com Banpará e Funtelpa (TV Educativa, que realiza as transmissões da TV do estadual) e a Seel (Secretaria de Esporte e Lazer) iriam ser investidos R$ 8,3 milhões no Campeonato Paraense divididos entre os clubes da primeira divisão com suporte logístico da competição, premiações, direitos de transmissão e patrocínios fora o apoio aos times que disputam as séries D, C (Paysandu) e B (Remo) em 2021.

O histórico estádio Mangueirão, assim como nosso Morenão está em reforma, porém em proporções diferentes. O nosso há quase dez anos passa por intervenções pontuais e desculpas, enquanto o principal estádio do Pará, está tendo uma reforma completa por R$ 146.983.028,29 (Cento e quarenta e seis milhões novecentos e oitenta e três mil, vinte e oito reais e vinte e nove centavos) e será entregue no próximo ano. Menos que o Aquário do Pantanal, que já consumiu R$ 250 milhões e nunca foi utilizado. 

Federações

Federação Paraense está na 13º posição no ranking brasileiro de Federações, atrás do nosso vizinho Mato Grosso, que antes do Cuiabá (MT) teve participações importantes do Louverdense nas principais competições nacionais, que pontuaram para o destaque da FFMT, enquanto isso a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul está na 23º posição, perdeu recentemente uma posição para Federação Capixaba, desperdiçando também uma das duas vagas que tinham na Copa do Brasil. 

Ítalo Milhomem, jornalista formado pela UFMS, ex-presidente do Esporte Clube Comercial-MS e acadêmico da especialização em Gestão de Futebol pela CBF Academy

Deixar um comentário