Política

Pausa na Copa do Mundo foi marcada por operações policias em MS

Fotos PF-MS Divulgação

Com o fim das oitavas de final da Copa do Mundo, na terça-feira (6), os amantes do futebol ficaram dois dias sem ver a bola rolando no Catar, que volta nesta quinta-feira (9), às 12h, com jogo do Brasil contra a Croácia, abrindo as quartas de final. No entanto, em Mato Grosso do Sul as atenções acabaram voltadas para três operações da polícia que sacudiram o meio político no estado.

Na quarta-feira (7), oito vereadores tiveram mandato suspenso durante a Operação “Dark Money”, que apura desvio de R$ 23 milhões da prefeitura de Maracaju, durante a gestão municipal do período de 2019 a 2020. A ação ocorre na terceira fase, a “Mensalinho”, deflagrada pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

Segundo a polícia, foi identificado complexo esquema de pagamento de propina a vereadores, realizados de uma conta clandestina aberta em nome da prefeitura, sem conhecimento ou auditoria dos órgãos de controle. As propinas eram pagas por ordem do então prefeito, e tinham como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos de interesse da gestão.

Durante o período investigado, foi identificado que 11 dos 13 vereadores que integravam a Câmara Municipal de Maracaju teriam recebido os pagamentos indevidos. Dos 11 investigados, oito encontram-se em exercício de mandado eletivo na atual legislatura.

Em apenas um ano, os pagamentos identificados aos vereadores chegam às cifras de R$ 1.374.000,00. Os pagamentos eram feitos por meio de cheques ou até mesmo em espécie – o que dificulta a fiscalização. O dinheiro era recebido diretamente pelos parlamentares ou por laranjas indicados por eles.

Operação Parasita

Ainda na quarta, mais discretamente, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) deflagrou a Operação Parasita, para cumprir 18 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e em Itajaí (SC), expedidos pela Justiça de MS.

A operação apura crimes de associação criminosa, licitação, emissão de notas fiscais falsas, falsidade ideológica e peculato na simulação de procedimentos de compra e venda de produtos jamais entregues ao Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), havendo desvio de dinheiro público com pagamento e recebimento de propina.

Segundo o MPMS, as investigações já apontam prejuízo de mais de R$ 14 milhões nos últimos anos, mediante compras fraudulentas.

Operação Terceirização de Ouro

Por fim, nesta quinta-feira, uma “bomba”, três conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) foram afastados de seus cargos e devem utilizar tornozeleira eletrônica por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Iran Coelho das Neves (atual presidente do TCE), Waldir Neves Barbosa (ex-presidente) e Ronaldo Chadid (corregedor-geral) foram alvo da Operação Terceirização de Ouro, continuidade das operações Mineração de Ouro e Lama Asfáltica.

Os policiais cumpriram 30 mandados de busca e apreensão em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Miracema (RJ). O STJ ainda autorizou o afastamento dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de pessoas físicas e jurídicas investigadas.

O principal contrato com empresas terceirizadas investigado supera a quantia de R$ 100 milhões. A investigação aponta que o dinheiro era “lavado” por meio de licitações fraudulentas, incluindo a compra de brigadeiros e fazendas no Maranhão.

Segundo a investigação da Polícia Federal, o esquema de corrupção começou com a licitação de serviços da empresa Dataeasy, que tem sede no Distrito Federal. Para a PF, a empresa recebeu mais de R$ 100 milhões do TCE-MS em licitações fraudulentas desde 2018.

A PF aponta que a empresa de serviços digitais Dataeasy foi beneficiada em licitações públicas. A partir do material apreendido, as investigações mostraram que a empresa do DF lavava o dinheiro que recebia do TCE-MS e devolvia partes aos conselheiros e alguns servidores do órgão.

Não foram apenas os três conselheiros apontados como integrantes do esquema. Os servidores Douglas Avedikian, Thais Xavier Ferreira da Costa e Parajara Moraes Alves Júnior também foram citados como integrantes do esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato.

Nesta sexta-feira (9), tem jogo do Brasil ao meio-dia e as emoções da Copa do Mundo continuam. As operações geralmente têm início assim que o sol começa a raiar. Agora é aguardar se teremos alguma surpresa, com mais operações pelo terceiro dia seguido.

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