
Não podemos mais enxergar o esporte como uma atividade amadora ou de simples atividade física. Em um Estado rico como Mato Grosso do Sul, sempre figuramos no final do ranking nacional em boa parte das modalidades, inclusive no futebol. O ESPORTE é uma indústria, que movimenta muito dinheiro e gera empregos todos os anos e deve ser tratado como tal, com mesmo respeito e incentivos aos demais setores geradores de emprego e renda.
Com essa visão analisei alguns dados disponíveis sobre a movimentação de recursos dos times de futebol profissional da primeira divisão, a série A do Estado, que não chegam aos pés do futebol dos grandes centros econômicos, mas pode se desenvolver de forma sustentável também nas nossas cidades.
Com a divulgação mesmo que parcial dos balanços financeiros dos clubes sul-mato-grossenses em 2019, alguns dados já podem ser extraídos e mostram a realidade do futebol profissional estadual.
Dos 12 times participantes naquele ano, oito divulgaram seus resultados financeiros que juntos somam R$ 3.154.305,00 milhões, com os recursos do patrocínio do governo estadual por meio do Fundo de Investimento Esportivo (FIE-MS), no valor de R$ 622.000,00, que custeou a alimentação, arbitragem, hospedagem dos clubes de futebol durante o campeonato totaliza-se R$ 3.776.305,00.
Não foram contabilizados os patrocínios da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), que diferente de 2018, não teve a aporte como o das Loterias Caixas, de cerca de R$ 423 mil e nem os valores das equipes de base, que disputam outras competições oficiais, pois essas equipes também não disponibilizaram os dados.
Esses números mostram que para cada R$ 1 real investido direto pelo Governo do Estado, se gerou outros R$ 5 reais na economia local das cidades onde se encontravam as equipes desportivas, sem levar em questão os investimentos das quatro equipes como Corumbaense, Sete de Setembro (Dourados), Urso (Mundo Novo) e Operário (Dourados), que não apresentaram ainda seus balanços, o que tornaria esses números mais volumosos.
Em média cada equipe da Indústria do Futebol de MS tem cerca de 35 empregados direitos entre atletas e comissão técnica, que entre os meses dezembro e abril somam 420 empregos de primeira linha gerados no período, fora os empregos indiretos e de prestadores de serviço e fornecedores.
Até abril de 2021, o clubes deverão apresentar os balanços financeiros recentes ao ano de 2020, que poderão mostrar a evolução desses dados econômicos deste segmento da indústria esportiva em MS.
Veja aqui os balanços dos clubes e da FFMS em 2019
Investimento Público
Em 2019, o poder público foi um forte indutor do futebol profissional sul-mato-grossense, seja pelo governo do estado ou pelas prefeituras dos demais municípios, que ao todo repassaram R$ 1.837.000,00 ao modalidade profissional, quase metade das outras rendas do clubes entre patrocínios, doações, empréstimos e demais receitas.
O município de Costa Rica (MS), por exemplo cidade de 21.124 habitantes (projeção IBGE 2020), teve investimento feito pela prefeitura maior do que o valor aportado pelo governo do Estado, foram R$ 660 mil reais destinados a equipe local, um investimento per capito de R$ 31,2 por habitante.
A segunda prefeitura que mais investiu no time da sua cidade foi a de Chapadão do Sul, que repassou R$ 385 mil para equipe SERC – Chapadão. A cidade tem 19.648 habitantes o investimento foi de R$ 19,5 per capito no futebol.
Em terceiro lugar ficou a Prefeitura de Aquidauana, que repassou R$ 170 mil ao Aquidauanense. A cidade tem 45.614 habitantes e o investimento per capito no futebol foi de R$ 3.7 por habitante.
Outros times como Corumbaense e Urso de Mundo Novo sempre recebem aportes das prefeituras, porém no momento não foi possível aferir quanto receberam naquele ano de 2019. O Águia Negra, atual bicampeão estadual, já há algum tempo também não recebe apoio da prefeitura, após recomendação do Ministério Público Estadual (MPE).
Em Campo Grande, a mesmo a prefeitura tendo um PIB de R$ 29 bilhões, figurando entre as 30 maiores economias do país, a frente até da vizinha Cuiabá (MT), que está com time na elite do futebol, não investiu nenhum centavo direito no futebol profissional. Neste ano de 2021, o orçamento autorizado para o Fundo Municipal de Esporte Lazer (FMEL) é de até R$ 1 milhão de reais, que se confirmado dará um investimento próprio de R$ 1,10 por habitante em esporte e lazer no ano corrente.
O fomento ao esporte profissional, seja no futebol ou em outra modalidade não é gasto, a cadeia do esporte gera empregos e movimenta a economia local.
Ítalo Milhomem, jornalista formado pela UFMS, ex-presidente do Esporte Clube Comercial-MS e acadêmico da especialização em Gestão de Futebol pela CBF Academy
