Meio Ambiente

Workshop da UEMS discute o enfrentamento climático com captura de carbono em reserva no sul do Estado

O enfrentamento das alterações climáticas também se dá pela conservação de reservas naturais, de áreas já alagadas ou que possuem alta relevância na segurança hídrica de regiões e populações.

Com esta visão, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) promove em Dourados no dia 5 de junho (Dia Mundial do Meio Ambiente), o V Workshop da RPPN Ernesto Vargas Baptista, com o tema “A RPPN Ernesto Vargas Baptista na conjuntura das práticas ESG [sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, que significa Ambiental, Social e Governança], proteção da biodiversidade e pesquisas científicas”.

A Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Ernesto Vargas Batista está localizada no Distrito de Morumbi, município de Eldorado, extremo sul do Estado, com uma área de 14,5 hectares, sendo parte margeada pelo Rio Paraná.

A RPPN possui grande importância para a conservação da biodiversidade. Como explica o Prof. Dr. Jean Sérgio Rosset, integrante dos Programas de Pós-graduação em Agronomia e Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental da UEMS, e coordenador do Grupo de Estudos em Carbono (GECARB/UEMS).

“Esta área está inserida em um mosaico de áreas de conservação estabelecidas ao entorno do Rio Paraná, formando um extenso corredor de biodiversidade que faz ligação com o Parque Nacional de Ilha Grande. É uma área que está inserida em uma região úmida, considerada uma Wetland, que é uma área frágil de grande importância para a preservação ambiental, especialmente por abrigar flora, fauna e sementes, específicas do bioma Mata Atlântica”, diz o docente.

De acordo com o Prof. Jean, que estuda desde 2019 a evolução dos estoques de carbono do solo na RPPN Ernesto Vargas Baptista, as contribuições dessa reserva para o equilíbrio climático e ambiental são diversas, principalmente, por ser uma área localizada em uma região muito úmida. “É uma área que tem potencial de armazenar carbono no solo extremamente grande. As nossas pesquisas sobre o potencial de estocagem de carbono estão avançando ao longo desses anos”, diz ele.

O Prof. Jean conta ainda que em 2021 foi realizado um novo estudo, que geraram duas dissertações de mestrado nessa área, com artigos científicos publicados em diversos periódicos da área ambiental em nível de Brasil, com a participação de alunos do curso de Agronomia e de Tecnologia em Gestão Ambiental da UEMS de Mundo Novo e também alunos do programa de Pós-Graduação em Agronomia, em Aquidauana.

“As nossas pesquisas estão indicando que quatro anos após o isolamento da área, que começou a ocorrer por volta de 2017, a área já começou a se tornar dreno de carbono atmosférico, ou seja, começou a estocar carbono no solo. Isso é muito importante para as questões de mudanças climáticas, porque o ideal é que áreas nativas, áreas em processo de recuperação ambiental, como é o caso do RPPN, sejam dreno de carbono atmosférico e, consequentemente, estoquem o elemento químico no solo”, afirma.

Os resultados da evolução dos estoques de carbono que essa área apresentou ao longo do tempo serão demonstrados no V Workshop RPPN Ernesto Vargas Batista, na palestra do Prof. Jean Rosset.

Durante muitos anos, a área foi utilizada de forma irregular. Com a criação da Reserva, a partir de uma resolução do Imasul no ano de 2019, e também pelo empenho da filha do proprietário das terras, Ana Luzia Batista de Abraão, que durante muitos anos lutou para que a RPPN fosse criada, foi possível reverter o processo de degradação da área, passando a estocar carbono no solo.

“A partir do momento que ela foi criada, começou o processo da captura do carbono atmosférico pela vegetação, e posteriormente, armazenamento desse carbono no solo, contribuindo para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa”, complementa.

RPPN Ernesto Vargas Baptista

A propriedade particular, de 14,5 hectares, sendo 750 metros na beira do Rio Paraná, e definida como zona de amortecimento do Parque Nacional de Ilha Grande, está na família Baptista há mais de 70 anos. O parque é considerado uma das áreas úmidas mais importantes do mundo.

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