Assembleia dos Povos da Terra Pela Amazônia chega ao fim com cartacontendo 29 propostas para a preservação da floresta e das vidasamazônidas
Com a participação de mais de mil pessoas em cada dia da Assembleia, nesta terçafeira (08) a Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia marcou o fim dos cinco dias do
encontro
Na noite desta segunda-feira (07) a Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia –
evento paralelo aos Diálogos Amazônicos, eventos que antecederam a Cúpula da
Amazônia, que começa nesta terça-feira (08) em Belém do Pará – realizou ato festivo
marcando o fim dos debates propostos pelas entidades.
Enquanto os Diálogos Amazônicos aconteceram no centro de convenções (Hangar), a
Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia foi instalada na Aldeia Cabana, estrutura
cedida pela Prefeitura Municipal de Belém, além de plenárias ocorrendo também na
UFPA e no Hangar, junto aos Diálogos Amazônicos.
“Nada Sobre Nós Sem Nós”:
Com participação rotativa diária de mais de 3 mil pessoas, entre indígenas, ribeirinhos,
quilombolas, acadêmicos, ativistas ambientais e militantes de movimentos sociais e
populares, as plenárias – que aconteceram desde o dia 04 – tiveram por resultado uma
série de análises e reivindicações que foram sintetizadas na “Carta dos Povos Indígenas
da Amazônia” que será encaminhada aos governos dos oito países que compê a
Panamazônia, entre eles, Luis Inácio Lula da Silva, que está no Pará desde o último
sábado (05) e chegou na tarde desta segunda em Belém para a Cúpula da Amazônia.
O documento – que contém 29 pontos – foi apresentado ainda na noite desta segunda no
palco montado no Bairro da Pedreira em Belém. “Somos os povos da Amazônia, a maior
floresta tropical do mundo, que regula o clima do planeta. Vivemos nos rios, nas matas, nos
campos e cidades. Sofremos com a devastação, o cerco, o envenenamento e a destruição de
nosso território. Sabemos que os ataques contra a Amazônia são ataques contra o planeta
e os povos do mundo. Por isso, reunidos em assembleia, na cidade de Belém, exigimos que
nossos governantes proclamem o estado de emergência climática na nossa região”,
começa a carta apresentada por mulheres representantes dos movimentos signatários.
Em defesa dos povos e territórios:
Diversas lideranças indígenas e dos movimentos sociais, além de autoridades fizeram
suas avaliações sobre a assembleia durante o ato festivo desta segunda-feira na Aldeia
Cabana, entre elas o advogado indigenista e atual secretário-executivo do ministério dos
Povos Indígenas, Luís Eloy Terena em sua fala lamentou que o Congresso Nacional
tenha tirado do recém-criado ministério a atribuição diretiva das demarcações das terras
indígenas que, com a manobra congressual, pemaneceu no Ministério da Justiça. Apesar
disso, Eloy garantiu que os esforços de demarcação são prioridade do Governo Lula e
que há sinergia nos trabalhos entre o ministério de Sônia Guajajara e de Flávio Dino.
“Para o Ministério dos Povos Indígenas estar aqui hoje é fundamental, porque hoje nós
temos como papel principal formular a política indigenista e isso não se faz trancado em
gabinete: tem que vir para rua, tem que descer para a aldeia, tem que ir para o território.
Mas não é só porque nós temos um ministério que tudo vai ser resolver. Mais do que
nunca é importante a força dos movimentos sociais, a força dos povos indígenas. Esse
trabalho contínuo de articulação”, reiterou Eloy.
A deputada federal do PSOL de Minas Gerais, Célia Xakriabá também se fez presente
na cerimônia. Para ela A importãncia da Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia
se deve ao fato de que, segundo ela, “não existe palco se não existe chão e é no chão
que a gente faz a discussão”.
“Muita gente romantiza a Amazônia. É preciso descolonizar e dizer que na Amazônia
tem gente. Não atravessa somente territórios. Quem é contra os povos tradicionais,
contra a Amazônia, será reconhecido não apenas como nossos adversários políticos,
mas como inimígos da humanidade”, afirmou a deputada federal.
Outra deputada federal do Pará, também pelo PSOL, Lívia Noronha disse que “essa
plenária gigante é emocionante porque é um encontro dos povos da Amazônia. Ainda
mais aqui, na Aldeia Cabana. Nada mais simbólico em um momento de fragilidade para
nós, porque aqueles que lutam pela terra, lutam pela Amazônia passam por diversos
ataques. Lutamos pelas árvores, pela diversidade de animais, mas nós queremos
também que os indígenas, que os trabalhadores da Amazônia possam viver e viver com
dignidade.
Océlio Muniz, dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens e da Via
Campesina avalia que os movimentos sociais devem continuar incidindo na região
amazônica para que os governos escute os povos. “É preciso pensar um projeto popular
para a Amazônia a partir do povo. Com a incidência da Via Campesina e dos
movimentos que a compõe, essa construção coletiva é um momento histórico”, avalia o
líder.
O secretário adjunto da Rede Eclesial da Panamazônia (REPAM), Rodrigo Fadul
reafirmou que a entidade acredita na mobilização da sociedade civiil para para oferecer
uma contribuição qualificada “para que os presidentes [dos países que compõe a
Panamazônia] recebam propostas que venham das bases”. “Nós acreditamos que tanto a
Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia quanto os eventos que a antecederam
contribuíram, pois mobilizaram verdadeiramente as bases para trazer a verdadeira
realidade da Amazônia que é, muitas vezes, desconhecida, inclusive pelo poder
público”, afirmou Rodrigo.
“Nesse momento em que está sendo realizada a ‘Assembleia dos Povos’ é muito
importante, porque aqui reunimos várias organizações, representação dos povos
indígenas, representação dos campesinos, dos sem-terra e outros. Então, isso é muito
significativo para a gente: a junção dessas organizações em defesa de um patrimônio
que é do povo brasileiro e é da humanidade”, afirmou Toya Manchineri, coordenador da
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia:
Como ato final da Assembleia e aproveitando a atenção da mídia nacional e
internacional com o início da Cúpula, a Coordenação das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira (COIAB) em conjunto com outras organizações – como as
participantes da Via Campesina, a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM) e a
Assembleia Mundial para a Amazônia (AMA), realizaram na manhã desta terça-feira
(08) a Marcha dos Povos pela Amazônia.
A concentração aconteceu no Bosque Rodrigues Alves, póximo ao centro de
convenções e contou com a presença de mais de três mil militantes das causas
indígenas, movimentos sociais, e ativistas pelas causas e povos dfa Amazônia.
Ao final da marcha, 14 representantes das organizações que compôem a Assembleia dos
Povos da Terra Pela Amazônia entregarram o documento para representantes da
Presidência da República brasileira e de ministérios do poder executivo e representantes
do legislativo federal, a ser encaminhado para os governos dos países Panamazônicos e,
em especial, visando a COP28, que acontecerá em Dubai ainda este ano.
O objetivo final é que os países não esperem o chamado “ponto de não retorno” em
relação às mudanças climáticas e renovem os esforços pela transição energética e o
bem-estar da humanidade.
A Amazônia vive!
Fotos: Ismael Barroso
Assessoria de Imprensa da Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia. 08/08/2023,
Belém do Pará – Brasil.